sábado, 23 de agosto de 2014

"A História do Povo de Israel" - Abba Eban

Título: “A História do Povo de Israel
Título Original: “My People - The Story of the Jews”
Autor: Abba Eban
Editora: Bloch
Páginas: 483
Ano de publicação: 1971
Descrição: Esse livro, de autoria de Abba Eban, é um fascinante relato da História dos Judeus. Ele cobre o lado histórico desde os Patriarcas até o Israel da década de 1960, aproximadamente. Eu não sei se existe uma edição mais nova do livro e talvez seja até difícil de encontrá-lo, mas recomendo a leitura. Talvez no Mercado Livre seja possível encontrar o livro. Claro, muita coisa aconteceu desde a data que ele foi publicado até, mas Abba Eban foi um embaixador de Israel em alguns países, além de ocupar outras funções importantes no governo de Israel. Segundo o Wikipédia, ele faleceu em 2002. Os Capítulos do livro são os seguintes: 

1- Era dos Patriarcas
2 - Nasce uma Nação 
3 - Israel em sua Terra
4 -  A Queda de Israel e Judá
5 - Profecia
6 - Exílio e Retorno
7 - O Período Helenístico
8 - Sob Domínio Romano
9 - A Ascensão do Cristianismo
10 - Novos Centros de Diáspora
11- A Era Islâmica
12 - Os Judeus na Europa até 1492
13 - Novos Centros de Povoamento Judaico
14 - Misticismo e Messianismo
15 - A Aurora da Emancipação
16 - Anti-Semitismo e Migrações
17 - Nacionalismo, Assimilação ,Sionismo
18 - A Primeira Guerra Mundial e a Declaração Balfour 
19 - A Palestina no Período de Entreguerras
20 - O Holocausto
21 - Nasce Israel
22 - O Judaísmo Americano no Século XX
23 - O Mundo Judaico de Hoje

domingo, 17 de agosto de 2014

O Sapo Mágico

Essa história é baseada no livro “Jewish Fairy Tales and Legends”, da autora Gertrude Landa. Abaixo eu vou recontar essa história a meu modo, baseando-me em diversas ideias do livro acima citado. Quero deixar claro que essa história não é de minha autoria. É uma história muito linda, creio que as crianças vão gostar bastante.

Sapo mágico. Fonte: Google Images
Muito tempo atrás existia um homem que era muito sábio e muito rico. Ele era dono de muitas propriedades na terra em que habitava. Possuía muitos servos e servas, muitos animais além de uma enorme lavoura. Esse homem tinha apenas um filho, e seu nome era Hanina. Hanina era adulto e casado quando essa historia que irei lhes contar se passa.

            Certo dia, o homem rico e sua esposa ficaram bastante doentes. De uma doença muito grave e eles sabiam que logo iriam morrer. Um mensageiro foi até Hanina avisar que seus pais logo morreriam. Hanina deixou tudo o que estava fazendo e foi rapidamente encontrar seus pais. Logo chegou na casa deles e ficou muito triste em ver os dois acamados.

                - Hanina, meu filho! Entre aqui... – disse o pai entre gemidos.
                - Oh, meu pai! Que situação triste... – disse Hanina com os olhos cheios de lágrimas.
                - Meu filho, meu filho. Não se aflija tanto assim. Sua mãe e eu vivemos anos muito agradáveis juntos. Será uma honra pra nós partimos desse mundo juntos...
                - É verdade, meu filho – disse carinhosamente a mãe.
                - Meu filho, - disse o pai – depois que nós morrermos, fique de luto normalmente, fique sete dias de luto. O seu luto por nós acabará na véspera de Pessach! Nesse dia, vá até o Mercado da cidade e compre a primeira coisa que te oferecerem lá. Não importa o que seja e não importa qual seja o preço: compre a primeira coisa que te oferecerem de qualquer forma. Escute atentamente o que eu te digo, meu filho, e tudo irá bem.
               
Hanina prometeu cumprir o estranho pedido de seu pai. Tudo aconteceu como o homem idoso havia previsto: ele e sua esposa faleceram no mesmo dia. Hanina sentou-se em luto por sete dias, e esse acabou na véspera de Pessach. Nesse preciso dia, Hanina foi até o Mercado, ansioso em saber o que lhe aguardava.

Ao chegar ali, foi um homem idoso que primeiro se aproximou dele. Ele carregava uma espécie cesto de prata de formato bastante estranho. Ele se aproximou rapidamente de Hanina e lhe disse:
               
- Meu senhor, eu lhe proponho que compres este cesto!
- Hum, que interessante – disse Hanina – mas o que é que tem dentro dele?
- Meu senhor, eu não faço ideia do que seja, pois eu não o abri. Apenas quem comprar o cesto irá descobrir seu maravilhoso conteúdo.
- E quanto o senhor deseja receber por ele?
- Eu quero mil peças de ouro...

Esse preço era realmente muito caro. Era praticamente todo o dinheiro que Hanina havia levado ao Mercado, e ele só levou essa quantidade de dinheiro porque era muito rico. Não fosse isso, não teria o valor ali. Embora fosse muito caro ele comprou, visava cumprir o voto que fizera ao seu falecido pai. Sabemos que em nossa cultura, cumprir uma promessa feita a um falecido é muito importante! Hanina pegou o cesto e o levou pra casa.

O cesto foi colocado em cima da mesa da refeição de Pessach. Ao ser aberto, observou-se que o cesto continha um cesto menor dentro dele. Ao abrir o cestinho, havia dentro dele um sapo!

A esposa de Hanina ficou muito desapontada. Ela não esperava ter encontrado um simples sapo dentro daquele cesto. Eu acho que ela estava sonhando com colares e brincos de pedras preciosas. Apesar de triste com a descoberta, ela cuidou muito bem do sapo. Deu comida a ele e, embora pequeno, ele devorou tudo gulosamente. Comeu tanta nos oito dias de Matzo que começou a crescer bastante e ficou com um tamanho enorme! Hanina fez até um barracão pra esconder a estranha criatura.
Os dias foram passando e Hanina começou a ficar bastante intrigado. A criatura comia muito, muito mesmo. Parecia ser um saco furado. Hanina continuou a alimenta-lo, sem se abater. Com o tempo, ele começou a ter que vender seus pertences para alimentar o sapo. A fome do anfíbio ficou tão intensa que Hanina teve que vender praticamente tudo, ficando em um estado de lamentável pobreza. Sua esposa então perdeu toda a coragem, ficou muito triste e começou a chorar. E ela levou um enorme susto quando o sapo, agora com a altura de um homem, virou pra ela e disse:

- Me escute, esposa do fiel Hanina – disse o sapo – vocês cuidaram muito bem de mim por todo esse tempo. Então peça-me agora o que você quiser e eu lhe atenderei.
- Dê-me comida – solução a mulher.
- Aí está – disse o sapo. Quando ele acabou de dizer isso, eles escutaram uma batida na porta. Quando chegaram lá, alguém havia deixado uma enorme cesta de deliciosos alimentos pra eles.

Como Hanina ainda não havia dito nada, o sapo foi até ele.
- Diga-me o que desejas, meu senhor, e eu o farei.
- Um sapo que fala e faz proezas deve ser com certeza um sapo muito sábio. Eu desejo que você me ensine a Sabedoria dos Homens – pediu Hanina.

O sapo concordou, mas os métodos didáticos dele eram muito estranhos. Ele pegou 70 pedaços de papel e escreveu a Lei e as 70 línguas conhecidas neles. Ele disse que Hanina deveria engolir esses pedaços de papel e assim foi feito. Magicamente, Hanina se tornou um homem muito sábio. Ele passou a dominar todas as línguas existentes, até mesmo a língua das feras e dos pássaros. Ele ficou conhecido como o ancião mais sábio do seu povo quando se tornou mais idoso.

Passados alguns dias, o sapo disse a Hanina e sua esposa:
- É chegado o dia de eu retribuir a vocês toda a bondade que me fizeram. Peço que vocês me sigam até a floresta. Lá eu lhes darei algo precioso.

Hanina e sua esposa seguiram o sapo até a floresta, intrigados com o que estava por acontecer. Lembraram-se de todos os dias que passaram com o sapo, de quando ele era apenas um sapinho pequenino e de como ele cresceu. Lembraram de como foi difícil no início, de que tiveram que vender praticamente tudo e ficar até mesmo pobres por amor ao sapo. Hanina sorria discretamente, pois mais uma vez percebeu o quanto é bom que um filho obedeça e honre seus pais.

Quando eles chegaram na floresta, depois de terem passado por grandes árvores, pararam numa clareira natural. Era possível escutar o agradável som de um córrego que corria ali perto, e os pássaros entoavam belos louvores ao Criador. O sapo disse, com uma grande voz de sapo, bem alto:

- Todos os habitantes, grandes e pequenos, da floresta! Tragam até mim os objetos mais preciosos, as pedras de valor inestimável que existem aqui. Tragam também ervas e raízes raras das profundezas da terra!

Passados poucos minutos, chegaram os pássaros, assobiando belas melodias e trazendo ervas raras com seus bicos e pezinhos. Passado mais algum tempo, os gafanhotos e os louva-deus trouxeram pequenas pedras preciosas, mas de muito valor. Um urso trouxe uma raiz que possuía um brilho tênue, e que dizem que servia para curar qualquer tipo de doença. As raposas trouxeram inúmeros presentes, entre pedras preciosas e ervas raras. Os castores trouxeram um baú com moedas de ouro que haviam achado no fundo do rio. Passado algum tempo, existia uma pilha desses presentes aos pés de Hanina e sua esposa.

- Isso tudo é para vocês – disse o sapo enquanto apontava para a pilha de joias, raízes e ervas raras. – Com essas ervas e raízes vocês poderão ajudar qualquer dos doentes que chegarem a vocês. Eu os dei esses presentes pois vocês dois trabalharam arduamente para atender os últimos desejos de seu pai. Cumprir uma promessa feita a alguém que já faleceu é algo que trás enorme mérito.

Hanina e sua esposa agradeceram profundamente ao sapo. Estavam muito felizes com todos aqueles presentes, pois poderiam não apenas cuidar de suas famílias, mas também iriam ajudar os pobres e necessitados fazendo tsedaká.

- Será que podemos saber quem você realmente é, sr. Sapo? – perguntou Hanina.
- Sim, podem. Eu sou o filho mágico de Adão e a mim foi dado o poder de assumir qualquer forma que eu deseje. Preciso ir agora, adeus, meus amigos!
Depois de dizer isso, o sapo começou a encolher, até que ficou do tamanho de um sapo comum. Ele foi embora dali pulando, em direção ao córrego, provavelmente. Hanina e sua esposa nunca mais viram aquele amigável e amável sapo.

Hanina e sua esposa voltaram pra casa com seus tesouros. Na cidade em que moravam, eles ficaram muito famosos pela sua riqueza, sua sabedoria e pela caridade que faziam. Hanina ainda não tinha filhos, e para ele essa foi a maior benção que o sapo lhe proporcionou. A esposa de Hanina era estéril, mas após ingerir aquela raiz que o urso havia trago, ela foi curada. Hanina teve então muitos filhos com sua esposa, eram uma família muito feliz. Eles viveram com paz e alegria com as pessoas daquela cidade por muito anos. 

domingo, 10 de agosto de 2014

"Para Curar um Mundo Fraturado" - Rabino Lord Jonathan Sacks

Essa será a primeira postagem com a descrição de um livro. Pretendo postar a respeito dos livros que eu já li, visando passar minhas impressões e recomendar a leitura. Penso que é por esse livro que devo começar as descrições: foi um livro extremamente marcante para mim quanto a minha caminhada no Judaísmo.

Título: “Para Curar um Mundo Fraturado – A Ética da Responsabilidade”
Título Original: “To Heal a Fractured World: The Ethics of Responsibility”
Autor: Rabino Lord Jonathan Sacks
Editora: Sêfer
Páginas: 360
Ano de publicação: 2007
Descrição: esse livro eu li por volta do final de 2013. Foi o primeiro livro do Rab. Jonathan Sacks que li (em outro post falarei de outro livro excelente que li dele). Eu acredito que uma forma de tentar mostrar de que se trata esse livro de forma resumida é dizer que é um livro que fala de “amor ao próximo”. São 360 páginas emocionantes, marcantes, cheias de exemplos e histórias de pessoas reais que fizeram a diferença na vida de outras. Exemplos de como o Amor deve ultrapassar as barreiras da Nacionalidade, da Língua e da Religião. O Rabino Jonathan Sacks é um homem extremamente inteligente e consegue trazer os assuntos tratados de maneira bastante didática quanto atual. Eu imagino que, na verdade, todos os livros dele sejam recomendados. Para os interessados em compreender o teor do livro, eu havia escrito um artigo baseando-me bastante nele, e o artigo pode ser acessado clicando aqui.
Onde comprar: eu recomendo, para os residentes no Brasil, a Livraria Tikun Olam (clique aqui para ir à loja online da Tikun Olam). Para os falantes de inglês, eu vi que no Ebay tem o livro à venda (clique aqui para ir ao Ebay).

Essa é a dica da semana, espero que gostem bastante da leitura. Caso tenham gostado do blog, compartilhem no Facebook, Twitter, etc, isso ajuda e muito na divulgação das postagens.


Muito obrigado, Shavua tov!

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Og: o Rei dos Gigantes

Essa história é baseada no livro “Jewish Fairy Tales and Legends”, de autoria de Gertrude Landa. Abaixo eu vou recontar essa história a meu modo, baseando-me no livro acima citado. É uma história muito boa, creio que as crianças vão gostar bastante.

Conta-se que nos dias anteriores ao Grande Dilúvio, Noé começou a observar os animais e a selecioná-los. Ele já havia separado o alimento necessário para sua família e os animais. Separou também sementes, para que a terra pudesse florescer novamente quando as águas baixassem.
Entretanto, Noé estava preocupado com uma coisa. Ele ainda não havia encontrado um unicórnio pra levar na Arca. E era muito importante que os unicórnios fossem salvos. Um dia ele estava falando sozinho perto da floresta.

-“Onde será que eu vou encontrar um unicórnio? Daqui alguns dias o Grande Dilúvio chegará, e eu ainda não encontrei nenhum!” Pra espanto de Noé, uma voz forte como a de um trovão soou do canto mais escuro da floresta.
- “Noé, Noé, eu posso encontrar um unicórnio pra você.” Era o temível Og, o gigante. “Mas em contrapartida, se eu lhe trazer um unicórnio, você terá que me salvar da Inundação. Essa é a minha condição”.
                - “Afasta-te de mim, criatura maldita”, gritou Noé. “Eu não vou fazer nenhum trato com você. O seu destino é morrer no Dilúvio”.
                - “Mas Nóe”, choramingou o pobre gigante – imagine um gigante choramingar! – “tenha pena de mim. Veja, eu estou até mesmo encolhendo, diminuindo de tamanho. Antes eu era bem mais forte. Eu podia fritar peixes no sol e beber água das nuvens. Mas agora, está tudo muito mais difícil”.
                - “Vá embora, criatura maldita. Eu não tenho nada a tratar com você”.

Passado um tempo, Noé levou um baita de um susto: não é que Og, o gigante, lhe trouxe mesmo unicórnio? Mas não era qualquer unicórnio. Era um grande como uma montanha! O unicórnio chegou e se deitou diante da Arca. O que Noé iria fazer? Ele sabia que precisava salvar aquele animal.

O unicórnio não caberia dentro da Arca. Noé então passou um tempo pensando e teve uma boa ideia: ele amarraria uma corda ao chifre do unicórnio e a outra ponta à Arca. Assim, o animal poderia seguir nadando ao lado da Arca e ele alimentaria o animal pela abertura da janela. Pronto, problema resolvido!

E assim Noé fez. Quando ele acabou os últimos ajustes ali, a chuva começou a cair. Og, bastante atento, se sentou em uma montanha ali perto. Ficou observando a água subir, os rios transbordarem e tudo ser coberto de água. A Arca foi então se elevando nas águas e o unicórnio começou a nadar ao lado da Arca. Quando a Arca passou ali perto de onde Og estava, ele rapidamente montou nos lombos do unicórnio!

                – “Viu, Noé, agora você terá que me salvar” – disse Og, com um sorriso maroto entre os dentes –   “Eu vou comer toda a comida que você der ao unicórnio!”

Og em cima do Unicórnio. Fonte: "Jewish
Tales and Legends", pág. 26
Noé sabia que não poderia argumentar com Og. Og poderia até mesmo querer afundar a Arca, usando sua força. Assim, Noé lhe fez um proposta. Se Og prometesse que iria servir os humanos descendentes de Noé, Noé alimentaria Og durante todo o Dilúvio. Og estava faminto naquele momento. Então, ele aceitou o acordo e devorou rapidamente o primeiro café-da-manhã que Noé lhe oferecera.

A chuva caia com tanta intensidade que a luz do dia desapareceu. Entretanto, dentro da Arca havia luzes belíssimas: Noé havia coletado lindas pedras preciosas, e as usou como janelas. Delas irradiava uma luz que iluminava todas as parte da Arca. Infelizmente, Noé teve alguns problemas com os animais. Ele sequer conseguia dormir. O Leão teve um ataque de febre muito forte, os macacos faziam macacadas e a Fênix só queria saber de dormir.  

                - “Acorde, pássaro! Está na hora de comer” – disse Noé à Fênix.
                - “Não se preocupe comigo, Pai Noé. Eu percebo que muitos animais estão te dando muito trabalho, então vou lhe dar nenhum”.
                - “Poxa...” – disse Noé tocado pela sensibilidade do pássaro – “por conta disso eu te abençoo e digo que nunca morrerás!”

Um dia, a chuva parou de cair e o sol apareceu novamente. Noé olhava para fora, mas estava entristecido. Ele via apenas um vasto oceano que cobria tudo. Ao longe, podia ver as partes mais altas de alguns montes aqui e acolá. Era muito triste pra ele ver o mundo inteiro submerso. Og, em contra partida, estava muito feliz.

                - “Ha, ha, ha!” – disse ele numa terrível risada de gigante – “Agora irei dominar sobre todas as criaturas. Eu vou dominar sobre todos esses mortais insignificantes!“
                - “Não tenha tanta certeza disso, Og. Esses seres mortais irão um dia dominar e exterminar toda a raça dos gigantes e criaturas malditas.”

Og não gostou nada do que Noé havia dito. Ele sabia que tudo que Noé profetizava se tornava realidade. Ele ficou tão triste com isso que não comeu nada por dois dias seguidos. Assim, ele encolheu mais ainda de tamanho. Quanto mais as águas baixavam, mais ele ficava triste. Um dia, a Arca parou em cima do monte Ararat. Logo, logo seria possível que todos finalmente saíssem de dentro da Arca: eles passaram quase um ano inteiro lá dentro!

                - “Em breve eu irei lhe deixar, Noé. Quero andar pelo mundo, e ver o que sobrou dele.”
                - “Não será assim, Og. Você só pode sair de perto de mim se eu deixar que isso ocorra. Você se esqueceu que prometeu ser meu servo? Eu tenho bastante trabalho pra você executar!”

Og ficou choramingando o dia inteiro. Ele era um gigante muito preguiçoso. Quando ele viu a terra seca apareceu, ele derramou lágrimas amargas, pois sabia que um árduo trabalho lhe esperava.

                - “Pare de chorar, Og” – disse Noé. “Você quer afundar o mundo novamente com essas lágrimas enormes de gigante?”

Og então se sentou em um canto e ficou observando os animais saírem da Arca. Ele estava muito, muito triste. Quando os filhos de Noé começaram a construir casas, todo o trabalho pesado ficava nas costas de Og. Cada dia que passava ele diminuía mais de tamanho. Noé lhe disse que ele teria que comer menos, pois não havia tanta comida assim. Og estava triste em pensar que ele ficaria do tamanho dos mortais em algum tempo.

Um belo dia, Noé disse a Og:

                - “Venha comigo, Og. Eu devo andar pelo mundo, plantar árvores e flores, deixar essa terra bonita. Eu preciso da sua ajuda.“
                - “Ufa, até que enfim vou ver lugares diferentes. Não aguento mais ficar apenas nessa aldeia.”
Ambos seguiram caminho, visitando os mais diferentes lugares. Og tinha o dever de levar todos os pesados sacos de sementes. A última planta que Noé plantou foi a videira.
                - “O que é isso?” – perguntou Og. “Esses frutos servem pra comer ou para beber?”
                - “Servem pras duas coisas, Og. As pessoas podem comer as uvas ou beber o vinho que é preparado de seu suco”.
Noé então fez uma benção para aquela planta:
                - “Que você seja uma planta de frutos belos aos olhos. Que seus frutos alimentem os famintos e que você produza uma bebida para o deleite da alma de cansados e doentes.”
Og também quis fazer uma benção pra nova planta. Ele pediu autorização a Noé e ele lhe autorizou. Og disse então:
                - “Se um homem beber apenas algumas gotas de vinho, ele ficará manso como um cordeiro. Se beber um pouco mais, se sentirá forte como um leão. Se ele beber ainda mais, ficará como uma besta semelhante ao porco. Se insistir ainda mais, ficará estúpido como um macaco.”

E é por isso que até hoje se um homem bebe muito vinho que ele fica tolo. Og mesmo bebeu quantidades absurdas de vinho. Muitos anos depois, ele se tornou servo do Patriarca Abraão. Conta-se que um dia, Og ficou com tanto medo de Abraão que caiu um dente de sua boca! Abraão pegou esse dente e fez pra si uma bela cadeira! Tempos depois, Og se tornou o rei de Bashan. Ele se esqueceu do trato que fizera com Noé tempos antes. Ele passou a não cuidar mais da vida humana. Inclusive, ele se recusou a ajudar os israelitas a entrar na Terra Prometida.

                - “Se eu quiser, eu posso matar todo esse povo de uma vez só!” – bradava o gigante.

Og ergueu uma montanha acima de sua cabeça e pretendia joga-la em cima do acampamento israelita, matando a todos de uma só vez. O que ele não imaginava era que as formigas, gafanhotos e minhocas que ali viviam tinham cavado vários túneis na montanha. Quando ele a ergueu, ela se desmanchou acima dele. Ele caiu ao chão, preso àquela massa enorme de terra, e não conseguia se soltar. Moisés aproveitou a situação e correu até lá com uma espada. Corajosamente, Moisés fincou mortalmente a espada no calcanhar de Og. Por ele estar se agitando muito para escapar da montanha que estava em cima de sua cabeça, Og começou a perder muito, mas muito sangue e acabou morrendo. Essa foi a punição que ele recebeu por ter quebrado a promessa que ele havia feito a Noé.

domingo, 3 de agosto de 2014

Tema do Blog: livros judaicos

Shalom, pessoal! 
Existem muitos livros judaicos interessantes e esse tema tem sido bastante relevante nessa Quarta Revolução da Informação - como pontuado pelo Rabino Jonathan Sacks. Precisamos conhecer sobre esses livros. A ideia desse blog é compartilhar resenhas de livros, histórias judaicas, contos, impressões de livros que li, recomendações, etc. Espero que seja agradável a todos vocês e peço que, se assim o for, que compartilhem e ajudem a divulgá-lo nas redes sociais.

Usem o espaço dos comentários para dar sua sugestão e tirar dúvidas.

Em breve a primeira postagem do blog. 
Shavua tov!